nada/tudo (oversharing edition)
tudo aquilo em que toco perde todo e qualquer valor que possuía anteriormente...
coisas, sítios, pessoas, circunstâncias.
um toque. Puff!
sobra-me o imaginário - esse também, privado de sensações, de pouco serve como preenchimento à alma.
"ah mas tu tens tudo!".
não. O que tenho é nada. E nada não satisfaz tanto como alguma coisa.
se tenho tudo, há algo que me impede a fruição desse tal "todo" que me pertence sem eu saber.
alguma película invisível que cobre o peito e a cabeça, uma barreira neutralizante que pega no "todo" e transforma em vazio.
o desconforto agrava-se quando os "tens tudo"'s se multiplicam. Não é de todo amena a privação que imagino estar a acontecer.
mais uma vez... o imaginário. Mas esse dói quando sinto que posso ter/tenho "tudo".
para quê o pensar? Não seria isso desnecessário na condição de tudo ter? Tudo fazer acontecer.
fazer acontecer... parece uma frase pirosa que um gajo de peito inchado manda para o ar quando não tem o que quer.
eu já nem penso no que quero. Penso somente no que preciso - e já me ocupa bastante, emocionalmente.
respirar, caminhar, alimentar, conseguir o feito de não acordar em suores frios de lágrimas a escorrerem por dentro dos lábios. Isso! É o meu tudo, ultimamente.
o meu tudo é conseguir perceber que há caminhos por percorrer - e aceitar o vazio que me assola e assusta com as brincadeiras de taquicardias.
eu SEIIIII que há caminhos, eu SEIIII que há prazer... mas agora? Nada.
fico agradada? Sim. Exactamente isso - agradavelmente (surpreendida). Ainda sei sentir.
e sei que sei sentir muito mais ainda - mas esses estão nas prateleiras altas, junto ao tecto e eu não tenho altura suficiente para lá chegar.
uma ajudinha bastava - uma outra mão para pegar no meu sentir e atirá-lo cá para baixo. Eu apanho e agradeço.
mas, nada...
nada nada nada
e isso já é tanta coisa!